A última carta do astronauta
- Victor Câmara
- 9 de mar. de 2018
- 3 min de leitura

Acredito que pensamos durante muito tempo para onde iriamos após nossa morte.
(Analisando sistemas...)
Talvez esse medo, tenha sido o motivo de tantas atitudes precipitadas e inconsequente. Esse receito de não ter vivido o suficiente, e encerrar com todas as futuras possibilidades de viver.
Mas, esse medo não acabou nos aprisionando? Ficamos em um estado suspenso entre não viver com medo de morrer e viver sempre com medo de morrer.
(Analise completa. Sinal verde)
Acredito que o conceito de morte foi superestimado acima do conceito de vida. De fato, começo a pensar, logo agora, quando se aproxima o grande momento, que vida e morte são lados oposto da mesma moeda. Estados diferente que permitem que saibamos o que é vida e o que é morte. Saber o que é claro através do escuro e vice versa.
(Preparar ignição. Contando...)
O que éramos antes de nascer? Talvez sejamos uma imensa coincidência entre bilhões de possibilidades. Porém, isso, por si só, já não deveria ser motivo para nos alegrar? Estar aqui, nesse exato momento. A exceção da exceção; o impossível tornado possível.
(10...)
Não acredito que os humanos tenha sido coincidência ou um acidente. Ao contrário, somos a possibilidade que viria a acontecer, não importa o que, dado o seu devido tempo. Assim como tudo nesse Universo.
(9...)
Então para que comparar nossas histórias com a do próximo? Tentar assimilar-se à aquilo ou isto? Viver é ser diferente, misturar; assumir posições; ser injusto acreditando ser justo; valorar; tomar partido; experimentar; errar e acertar; sofrer e regozijar.
(8...)
Tudo o que ocorreu, ocorre e ocorrerá; passado, presente, futura são apenas extensões de si ou de algo. Nada de fato está realmente separado, mas apartado por conveniência através de ponteiros.
(7...)
Minhas memórias abarcam todos os seres com os quais tive o prazer e “desprazer” de compartilhar momentos. Não estou de fato sozinho, mas acompanhado por dezenas de milhares de outros que, assim como eu, são e foram únicos.
(6...)
Entes queridos que encerram a existência, agora carrego em minhas memorias. E, isso não seria a imortalidade? Viver em outra pessoa? Então o que vejo, eles também verão; o que sinto, também sentirão. Não posso me decepcionar, muito menos decepciona-los.
(5...)
Caminho e me apoio em gigantes e faço da força deles à minha própria. Também fico feliz em compartilhar de minhas forças com aqueles que agora montam e se apoiam em mim. Faço isso por eles e eles o estão fazendo por mim.
(4...)
O que mais me assusta, conforme se aproxima o momento, é essa transição entre o que era considerado impossível, agora tornando-se possível. A possibilidade real de tocar com meus dedos, tornando o pensamento em realidade.
(3...)
Penso que olhar para as estelas e se perguntar “o que deve existir nessa imensidão? Quantos segredos se escondem, aguardando para serem descobertos?” Refere-se aquilo que somos: Desconhecidos até de si mesmo.
(2...)
Explorar esse universo desconhecido que está adiante de nós, também é uma forma de explorar a si mesmo. Sim, nossos sentidos são falhos e não captam a verdade; Sim, nossas interpretações sobre o que está à nossa frentes, são deturpadas. Mas, creio que todas essas milhões de interpretações sobre Algo, devida a milhões de seres diferentes contemplando esse Algo, significa que estamos diante de Algo que VIVE E EXISTE. Que existiria, independente de outro Alguém para contempla-lo, interpreta-lo, conta-lo.
(1...)
Lembrei de uma passagem: “...Um universo cheio de possibilidades, muito mais do que poderíamos imaginar. E mais vida do que escolhemos acreditar…”
Acredito que está seja a essência e resposta que tanto procurávamos: Contemplar. Uma mistura entre buscar descobrir aquilo que não estava escondido e admirar os louros dessa busca.
Agora levarei essa bandeira até o meu limite. E para aqueles que virão, continue essa caminhada levando a bandeira além do meu limite.
Boa sorte...
(Ignição.)

“Aventura-se num labirinto, multiplica os mil perigos que implica a vida; se isola e se deixa arrastar por algum minotauro oculto na caverna de sua consciência. Se tal homem se extinguisse estaria tão longe da compreensão dos homens que estes nem o sentiriam nem se comoveriam em absoluto. Seu caminho está traçado, não pode voltar atrás, nem sequer lograr a compaixão dos seres humanos.” – Nietzsche, Além do Bem e do Mal.
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