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Paranoico! Sim, muito obrigado.

  • Victor Câmara
  • 9 de fev. de 2018
  • 3 min de leitura

Se a sociedade não te aceita por ser quem é, por que deveria mudar para caber nessa mentalidade? O problema está em você ou na falta de aceitação? E que prazer corrompido e maldoso é este em desejar fazer parte dessa hipocrisia? Se me chamarem um dia de rebelde, desgarrado, bradarei: MUITO OBRIGADO!

A paranoia tem suas raízes na projeção que o mundo inteiro está se voltando contra si. Mas, talvez o mundo realmente esteja voltando-se contra o indivíduo. Pura e simplesmente porque não se submete(u) ao dizeres e parâmetro estabelecidos. Então surgi o questionamento:

“Por que eu sigo esses parâmetros e ele não?

Se eu sou escravo a esse padrões, com que direito ele baseia-se para não seguir? Está errado e farei com que você venha a ser um escravo social, igualmente a todos os outros sentados nessa merda.”

Esse prazer moderno tem nome e está sedimentado na tríade: inveja, avareza e cobiça. A inveja é o ismo ligado ao Eu que sempre escrevo. Você não tem inveja do objeto que trouxe satisfação para o outro, ao revés, tem inveja da maneira que o outro se relaciona com aquele algo, que o invejoso nunca vai alcançar (eles tem essa consciência).

Sendo assim, o invejoso busca destruir a forma com que o invejado usufrui a si mesmo na busca pessoal pelo prazer (O modo natural de todo vivente é a busca pelo prazer - ego; amor de si próprio).

O avarento possui o objeto apenas pela necessidade e prazer em deter a posse do objeto/algo. Os acumuladores (avarentos) estão espalhados pelo mundo e não acumulam somente tranqueiras velhas. Acredito que existam mais acumuladores nas bolsas de valores do que os considerados "problemáticos". Penso que os acumuladores de propriedades, aplicações, dívidas, livros, jogos, pessoas, problemas, dinheiro, também deveriam ser considerados problemáticos. Filmar a rotina dessas pessoas e estampar nas mídias como é entediante porque moldam toda a vida em busca de posses. Nem ao menos usufruem disso porque sempre desejam mais uma posse. Insaciáveis na lógica capitalista que o mais adaptado sobrevive. Mas o vício é tão grande que não importa se o meu esquema de aplicações vai foder um país inteiro, junto várias gerações futuras. O importante é que ganharei milhões a mais do que já possuo. Foda-se! Todos! Minha paz não será vendida.

O avarento buscou tanto e tanto que alcançou o objeto (milhões de acúmulos), mas acabou perdendo o motivo pelo qual tanto queria aquilo. Esvazio- se por completo de sentido, assim como o cavaleiro inexistente em sua eterna busca pelo perfeito, sem nenhuma pausa para o momento. Engraçado que o mais invejado dos paladinos era, justamente, o mais vazio de sentido de todos.

Os demais (aqui está a ironia), buscavam e corriam inspirados em alguém vazio de sentido. O problema disso é que nada começa a fazer sentido porque o parâmetro voltou-se ao nada, o vazio. Óbvio que sua visão estará corrompida e, assim, toda a sua vida também estará corrompida porque tentará imprimir um sentido utilizando-se de meios vazios.

Nietzsche cunhou o termo niilista, não como uma forma de revoltar-se contra o mundo, mas para revelar que tudo o quê construímos está baseado na premissa do vazio. Não possuem sustância e por isso Nietzsche clama para utilizarmos nossa marretas. Em termos nietzschianos, que esses deuses aprendam a caminhar com os pés de barro.

A vida não precisa de nenhum sentido imposto ou colocado. A vida por si só é dotada de sentido, nós que estamos cegos para isso. A VIDA É EXPERIMENTAR, USUFRUIR e a partir disso construir o que chamamos de gosto. Por isso cada um deveria ter o seu. Como, pela amor de deus, duas pessoas podem adquirir os mesmos gostos? Não digo que uma ou outra coisa pode ser semelhante. Ao contrário, afirmo que sou contra toda essa busca incessante por você mesmo, isto é, quer que todos sejam iguais a você, como um espelho refletido. Apenas de pensar nisso, meu grau de tédio aumenta exponencialmente.

Admirar uma pessoa revela a forma como aquele admirado se relaciona com o seu entorno (amor de si próprio). Isto é, gostamos de ver como essa ou aquela pessoa consegue seguir a si mesmo, sem prejudicar ou maquinar o mal do próximo. Estamos tão preocupados em viver que não sobra tempo para mais nada.

Não importa onde esteja, traz beleza e realidade. Não é questão de ser santo, mas de apreciar o momento a cada segundo, o agora. Em meio ao caos de hoje, olhei para o final de tarde e sorri. Sorri porque aquilo foi verdadeiro. Uma obra de arte captada por meios olhos no céu. Milhões de pessoas, mas poucas ainda apreciam.

" Eu Prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Esse trecho nunca fez tanto sentido como hoje. Sair dessa zona de conforto é o que me faz relaxar. Toda essa obrigação em seguir o comum não recairá sobre mim.


 
 
 

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