A dúvida como chama – Questão II
- Victor Câmara
- 5 de fev. de 2018
- 4 min de leitura

Prometeu, talvez a história grega de maior impacto. Porém, para mim, algo estava por trás de toda as palavras; alguma coisa sempre esteve ali, na espreita, aguardando para saltar direto na minha consciência.
O problema sempre foi em acreditar que quando me falavam dessas histórias antigas, de deuses castigando a humanidade, realmente estavam se referindo a seres mitológicos.
Primeiro, muitos Reis humanos se intitularam Deuses encarnados. Então, só aqui, começo a perceber que quando alguém fala “vontade de Deus” quer se referir a vontade de algum humano por trás. Ponto.
Segundo, essa fábulas que contam para nós, assim como a história do star wars, tem como pano de fundo a realidade. Qual? Que existem pessoas, de carne e osso, tentando esconder suas Vontades e Desejos como se fosse místicos.
Sendo assim, toda vez que lerem “Deus”, trate como um conceito, algo que revela-se sobre a natureza humana, não como algo realmente místico.
Questão II: o Eterno Retorno do Ciclo de Poder e a Dúvida como gatilho
Prometeu aprendeu a arte da clarividência com a Titaniedade autogerada Gaia, sua mãe. Essa Titã originou a si mesma, seu próprio esposo, com a qual veio se deitar, gerando novos titãs. Entre eles, encontra-se Cronos que ceifou o próprio pai, Urano, libertando todos os seus irmãos que estavam aprisionados.
Olhem só essa maluquice do ciclo caótico eternamente gerado. Assim que tomou o Poder, Cronos estabeleceu uma nova ordem. Todos aqueles que não se ajoelhassem, mesmo seus aliados, iriam para o Tártaro. Seus irmãos, os ciclopes de mil mãos, por exemplo, foram levados para essa prisão.
Ao passo que Cronos começou a engolir todos seus filhos, como medo de que a história se repetisse, pois foi um filho (ele – Cronos) destronou seu pai (Uranos). Contudo, não adiantou porque Gaia auxiliou Reia (esposa de Cronos) para salvar um dos filhos, que veio à ser Zeus, que acabou por destronar Cronos, voltando toda história.
A solução encontrada para encerrar com todo esse ciclo de ódio e corrosão pelo poder, foi em deixar a mortalidade fazer seu trabalho. Isto é, o poder não voltará a corromper a Gaia (Representação da Realidade, da Vida, da TERRA) porque nenhum dos Deuses reinará para sempre, sem que tenham discípulos orando por eles. Contudo, o Espirito do Ciclo fortalece-se através do tempo, mudando tão somente de roupagem.
Prometeu anteviu a queda de Zeus, justamente por isso: De uma forma ou de outra, os Deuses sempre caem. Esse é o Eterno Retorno da qual parece não existir escapatória. Seja na construção de um Deus, como em sua destruição.
Hipótese I: Caso Zeus aniquilasse com os mortais (nós), sua imortalidade estaria fadado ao esquecimento porque não poderia manter a vida eterna por si mesmo (a mesma história dos vampiros que também serviu de base ao enredo de matrix – onde as maquinas dependiam dos seres humanos como pilhas ou o Estado que depende da população). Porém, caso demonstrasse seu Poder (Raios – Força Militar) para amedrontar aqueles que não prestassem homenagens, tudo estaria solucionado.
Hipótese II: Nós, humanos, mortais, possuímos a péssima mania de render-se à uma “força superior”, mas não percebemos que essa força que chicoteia nossas costas é mantida por nós. Sendo assim, programar o Medo no mortais é uma solução mais que plausível.E aqui, nessa segunda hipótese, entra o papel fundamento de Prometeu. A vingança também planejada para Zeus, depende da entrega da Chama divina, a qual denomino Dúvida, aos Humanos.
A dúvida leva a mudanças, provoca um abalo no status quo! Começamos a maldita pergunta que os pais tanto odeiam: Por que isso é assim? E não ficamos satisfeitos, seja pela falta de lógica ou pela revelação do conceito de autoridade, resumida na seguinte frase:“Faça assim porque eu QUERO que seja assim e ponto.”
Em ambos os casos, para mim, é inaceitável; em todo caso, a Revolução está sentenciada. Seja pelo aniquilamento por parte dos Deuses, Estado, Exército, QUALQUER QUE SEJA, da humanidade, como pela própria revolução violenta que levaremos até os confins do Olimpo.
Além disso, a chama divina não é simplesmente a Dúvida, mas todo o processo envolvendo-a. Esse é o perigo em deixar nas mãos dos escravos:O movimento é inevitável.
Através da pergunta inicial, começamos analisar o porquê isso é regra para tal situação, mas não para essa. Exemplo, na mitologia Grega, existem deidades extremamente poderosas que aniquilam e matam todos os seres humanos que cometem parricídio ou incesto. Contudo, com a Chama Divinal, questionamos o seguinte: Por que essa deidades não aplicam os mesmo castigos aos deuses? Oras, Zeus matou seu pai; Uranos deitou-se com a própria mãe.
Por quê somente eu que sofro? Pago tudo, aguento tudo, sustento tudo, organizo tudo e me punem por tudo? Que lógica enfadonha é esta???
Não faz sentido resignar-se aos Deuses que aplicam suas regras pela metade; e fazem o que bem entenderam porque consideram-se fora da lei. E isso não é uma verdade? O Correto não é correto porque é bom, mas por exercer o Poder.
Então, tudo se resume à isto: Quem Pode mais? Mas não estão em desvantagem porque o forte só é forte, por apoiar-se na força dos fracos.
Comments