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Deixa para amanhã.

  • Victor Câmara
  • 28 de dez. de 2017
  • 2 min de leitura

O que mais amedronta nessa vida é estar prestes a conquistar aquilo que queremos, essa sensação de que realmente vai acontecer tudo aquilo pelo qual planejamos, maquinamos, idealizamos na mente. Ficamos paralisados, histéricos e construímos diversas barreiras entre esse último passo e nosso objetivo. Parece-me que tudo dá errado, não por capricho do destino, mas por estarmos aterrorizados de estar presente no momento da ação.


Esse texto mesmo, foram necessárias duas horas para terminá-lo; três descidas para cozinha porque acabava esquecendo aquilo que pretendia ( um simples copo de água); sei lá quantos devaneios sobre a coloração da minha bermuda (se é xadrez ou listrada) ou da necessidade de comprar roupas ao passo que as antigas ainda servem ou se esse texto ficará interessante, esmiuçando cada palavra; de alguns afagos no cachorro comilão e de enxotar a gata que vive pulando no computador, refletindo sobre a necessidade que os gatos possuem de atenção somente em seus momentos (diferente de nós?); perder-se no pinterest com diversas imagens incríveis e inspiradoras que, como avalanche, te sufoca e esmaga.


Enfim, refleti sobre um vídeo onde demonstra claramente ( e concordo) que a inspiração pode ser criada ou aguardada , isto é, a partir do momento em que começamos a nos mover toda aquelas idéias guardadas no subsolo vem à tona, seja sentando para escrever ou o que quer que seja sua paixão. A outra maneira, mais difícil, é aguardar que a inspiração chegue até você, e torcer por consiga captar e transportá-la do campo das idéias para o campo da ação.


Quantas idéias fantásticas passam pelas mentes de cada ser humano; quantas visões passam ligeiramente sem que tenhamos os meios adequados de adquiri-las por uma total falta de despreparo e procrastinação.


Ontem mesmo, fiquei apavorado por estar participando de um projeto há muito tempo idealizado e construído mentalmente durante minha vida até aqui. Notei que não eram as coisas que estavam se encaixando rápido demais, eu que me acostumei a estar parado. E mais, não existe isso de rápido, apenas os parâmetros que estão movendo-se lentamente em relação à algo. A luz, por exemplo, não reclama de sua velocidade, apenas que os outros não a acompanham.


Podemos até, assim como eu, dizer que tudo é no meu ritmo e faço conforme meu desejo. Porém, estar apavorado e não tomar a ação que planejou, não é realizar no seu ritmo, mas ficar paralisado, vitima do hábito procrastinador. Por exemplo, achei que com minhas férias postaria dois textos por dia, mas cai na rotina da preguiçaria.


Certa vez, li uma analogia incrível sobre o hábito, realizado por Marcel Proust: “O hábito! Arrumadeira hábil mas bastante morosa e que principia por deixar sofrer nosso espírito durante semanas numa instalação provisória; mas que, apesar de tudo, a gente se sente bem feliz ao encontrá-la pois sem o hábito e reduzido a seus próprios meios, seria nosso espírito impotente para tornar habitável qualquer aposento”

Por isso, prefiro a primeira opção que é tornar-se um pro. Estabelecer metas diárias, manter o hábito sobre controle, um aliado por assim dizer, não um obstáculo. Quer dizer, criar um hábito que seja o obstáculo do meu retorno à procrastinação.

 
 
 

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