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Como o ódio simbólico na internet pode afetar na convivência do nosso cotidiano?

  • Victor Câmara
  • 1 de dez. de 2017
  • 2 min de leitura


Auto enclaussuramento, estagnação evolutiva e, por consequência, negação dos Afetos. Permitam-me partir da conclusão para o desenvolvimento.


Todos nós, somos parte do resultado e agentes mutantes da sociedade; indissociáveis e completamente dependentes, sem o qual o desenvolvimento individual está fadado ao fracasso. Sendo assim, acredito que o Ódio seja um produto social, como qualquer outro, que reflete a imaturidade do indivíduo em lidar consigo mesmo ao entrar em contato com o exterior; uma não-aceitação do “estrangeiro” que desembarcou em seu cais.


Se toda essa manifestação através da Internet tivesse como polo expressões de Raiva ou Arrogância, eu estaria mais tranquilo porque esses sentimentos revelam, de certa forma, um combate entre lados ou desnecessidade para tal. De certa forma, uma evolução (lembrando que evoluir, até mesmo câncer o faz), pois um lado busca conhecer o “seu inimigo”.


Agora, vejam, o Ódio, ao contrário da Raiva ou Arrogância, é a certeza de que uma perspectiva, uma faceta por assim dizer, revelou-se dentro de si mesmo; algo que acreditávamos nunca existir, eclodiu de forma vulcânica, provocando abalos em nossas estruturas, até então, sólidas. Mas, ao se dar conta disso, o indivíduo pretende estreitar seus sentidos em ordem de evitar que a ferida jorre ainda mais ou como qualquer animal de carapaças, onde luta incansavelmente para manter-se dentro desse invólucro ultrapassado e apertado: uma cena grotesca.


Por exemplo, minha criação deve como base primordial a Religiosa, mas, ao se deparar com textos e livros de Nietzsche (mais especificamente Além do Bem e do Mal), todas essas estruturas foram marteladas de forma contundente. A próxima etapa, ao menos para mim, passou-se por uma profunda busca por mais, ao preço da depressão. Porém, eu poderia ter me fechado e odiado a mim mesmo por auto-infligir uma fenda em minha casca, e transmutar esse Ódio para o próximo.


Na Internet, essas manifestações de Ódio servem como provas de falso conforto e aprovação, incentivadas pelos espectadores da miséria, de que o quê guarda dentro de si, enclausurado, na solitária, não faz parte de você e, por isso mesmo, válido todas as alternativas de manter-lo calado.



E mais, aquele que rendeu-se e absorveu uma outra ideologia ou opinião, por vezes, tenta liquidar com qualquer resquício de seu antigo Eu, por considerar essa nova forma absoluta. Essa supressão tenha como motivo o medo, talvez, de considerar inconciliável duas ideologias; que nada daquilo pelo o que conheceu é válido, tão somente esse novo “absoluto”. Um erro tremendo, visto que somos constituídos por tudo aquilo ao redor; produtos sociais que modificaram-se ao longo do tempo e, por isso, nada continua da mesma maneira; uma ideia primordial que pode tanto aumentar à resistência ao criar novos argumentos a partir de um "ataque" (acreditar ainda mais em Deus, por exemplo), como transformar-se em algo inteiramente novo ao peneirar, misturar, garimpar conceitos dos mais variados.


Acredito, finalmente, que esse Ódio destilado na Internet, uma espécie de fuga de si figurada na face do outro, provoca um empobrecimento das relações interpessoais (os afetos de Espinoza), pois, como relacionar-se com os outros, se nem ao menos aceitar seu próprio estrangeiro? Como lidar com o próximo, sendo que castiga a si inteiramente ou uma parte? Impossível, esperar algo de proveitoso mediante este cenário, salvo, a precarização dos afetos.


 
 
 

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