Homenagem - Um espinho abençoado.

Esse trecho foi retirado em um dos primeiros diálogos, da ficção sobre as ideias de Espinosa, escrita por Irvin D. Yalom, que consiste em Espinosa justificando-se para um Judeu, chamado Jacob, do porquê conseguiria lhe dar conselhos no sábado, segue:

Judeu Jacob – “Meu pai foi queimado na fogueira anos atrás. Seu crime? A inquisição encontrou páginas do Tora enterrados no quintal de casa. Meu tio, foi morto logo em seguida. Devido a isto, tenho uma pergunta: Considerando esse Mundo onde um filho sinta o odor da carne de seu pai queimar, te questiono onde está esse Deus criador? Por que Ele permite esse tipo de coisa? Você me condena por perguntar isso?”

Espinosa – “ Tudo bem. Conversarei contigo, no sábado, aqui em minha loja”

Judeu Jacob – “Na loja? Aberta no sábado? E o Sabbath? E o Tora sagrado, que diz que ninguém deve trabalhar no sábado e oferecer prezes somente à Deus?

Espinosa virou-se e falou gentilmente – “Me conte, Jacob, você acredita que Deus é todo poderoso? Que ele é perfeito e completa-se a si mesmo? “Jacob concorda. “Então, você concorda que, por definição, UM ser perfeito e completo não tem necessidades, insuficiências, não possui querer, desejos. Não é mesmo?”. Continua: - “Partindo disso, considero que Deus não possui desejos de qual forma, ou até mesmo Se, nós o Glorificamos. Sendo assim, Jacob, permita-me amar à Deus da minha maneira”

Este Deus de Espinosa é o mesmo que o Einstein acreditava, um Ser que é o mesmo de que a Natureza em si que possui suas regras definidas (Deus não brinca de dados). Isto é, um vulcão quando entra em erupção, não está pensando “ Ah é? Não estou me fazendo oferendas de virgens? Pois então, queimarei todos vivos? Bumm!” Nada disso, ele eclode simplesmente por eclodir, chegou o momento. Entendem? Não existem favorecidos ou condenados, simplesmente aqueles que estão melhor adaptados e preparados para aquilo que ocorre ao seu redor; que sabem buscar aquilo que potencializa todo o seu Eu: Que são Livres.

“Diz-se livre, a coisa que existe exclusivamente pela necessidade de sua natureza e que por si só é determinada a agir” – Espinosa, Ética I, def. 7

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