Não vá, marujo!
- Victor Câmara
- 4 de out. de 2017
- 1 min de leitura

Nascemos nesse estaleiro, montado pelas avessas;
Um montículo amontoado em meio à peleja.
Saímos trançados e somos compelidos sempre em frente.
Ninguém percebe, e não há quem aguente.
Por estarmos à deriva em um mar revolto
Qualquer porto, nos parece repouso.
Qualquer porção de terra, um doce logradouro.
Como resistir aos seus doces encantos,
Tuas nobres residências? Esses cantos serenais?
Suas altas copas que parecem ancoradas ao chão,
Junto com cantos que iludem minha pobre visão.
Que aparente calmaria, não desafogaria nosso coração?
De bom grado me entreguei, e remei. Remei
Com estupenda vontade!
Oh! Como remei para tais doces margens!
Deleitei-me nessas bem aventuradas ilhas. Aproveitei-me de seu forte cais.
E a cada minuto, mais e mais, afastei-me
De bom grado, do meu lar.
Dos trabucos de meu antigo tormento,
Nutri com esplendorosa dedicação, um forte corpulento.
Ah! Maldito seja, por tal ideia mal aventurada!
Para afastar qualquer tentação de voltar aventurar
Como um velho lobo do mar;
Em meio à essa vasta ilusão praial,
Construí essa magnifica prisão sepulcral.
Finquei raízes e me tornei Rei! Grande rei que agora torce de seu trono,
Para que um dia venham destronar o real tormento e afundar essa ilha,
Para novamente afogar em imensas e inefáveis ondas do reAlmar.
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