top of page

A busca da identidade, não "curabilidade"

  • Victor Câmara
  • 29 de set. de 2017
  • 3 min de leitura


Busco analisar intenções, somente quando considero necessário. E quando seria isso? Bem, a partir da interferência no meu processo de evolução como ser humano. Em outras palavras, quando bloqueiam ou tentam me influenciar explicitamente, na construção da identidade.


Nesse sentido, assemelho a identidade como um território onde nada vem programado, mas constrói-se ao longo do tempo. Pego algo daqui outra parte interessante acolá, assim por diante (já escrevi sobre isso no blog). Nas palavras de Fuganti: Existir é uma zona de acontecimentos


A opção pelo gênero (e até mesmo pelo sexo) é uma parte dessa construção do Eu, e que alguns atribuem um maior ou menor valor à isto.


É incrível que essa escolha possa acontecer com a experimentação sendo, quiçá, uma das poucas coisas na vida onde isso é possível sem correr algum risco de morte. Isto é, pode-se experimentar tudo, sem medo de consequências físicas (dor, decepção, sofrimento - é inerente ao relacionar-se com outro ser humano).


Aqui, diferentemente, por exemplo, de usar alguma droga ou pular de paraquedas, a experimentação é saudável e livre de risco, abrindo asas para imaginação. Assemelho bastante com a escolha literária, onde através de textos diferentes, chega-se ao que agrada mais. Enfim, não preciso elucidar mais do que isso porque meu ponto é o seguinte: Não me interessa como se identifica.


Porém, existe dois problemas: em relação à minha guerra pessoal com psicólogos (confessionários modernos com suas penitências medicinais), que visam quantificar, equalizar, medir e catalogar o ser humano como se fosse um produto para melhor explora-lo ou manipulá-lo ou sendo o paciente uma pessoa que deseja tão somente alguém para falar, e não mudar; e com pessoas mimadas que confundem tudo com preconceito.


No primeiro, considero que uma pessoa para buscar orientação (que significa dar uma direção, como agir na vida) de um estranho é sinal que algo social deu errado, pois como alguém pode lhe dizer o que construir, ainda mais um estranho sob o pretexto do codinome “profissional”? O que deve ou não experimentar, sem estar embutido de ideias pessoais? Confiar em pessoas que, muitas das vezes, enxergam seus próprios problemas no paciente? E, dizendo a palavra correta, como auxiliar aqueles que não querem mudar?


Pior (me concentro mais nessa), por que alguém iria buscar uma reorientação? Acredito que a natureza humana busca conforto coletivo (até mesmo o virtual) e adequa-se, mesmo que seja em um diminuto grupo.


No entanto, essa busca pela reorientação é devida à pressão social insuportável (visto os diversos laços que carregamos) que faz desaguar em uma submissão ao grupo dominante, para evitar sofrimento. Poucos são aqueles que detém uma chama, a ponto de lançar um belo FODA-SE SOCIEDADE (outsiders).


Notório que um psicólogo arrisque toda sua carreira, ao ir contra uma resolução de seu próprio conselho de classe. Das duas uma: quer entender melhor como funciona essa construção de identidade sexual, para fornecer ferramentas adequadas ou pesquisa uma melhor forma de manipular o paciente, sem danos colaterais.


Assim, antes de partir para o próximo problema, deixo uma provocação: De que forma um psicólogo ateu fervoroso orientaria um cristão que sofre, sem afetar sua crença (o contrário também é válido)?


Nos primeiros parágrafos, escrevi que não ligo para a forma que lidam com a orientação sexual, e admiro aqueles que possuem o melhor dos dois mundos (gostam de homens e mulheres). Porém, o que me incomoda é a falta de noção em interpretar tudo como preconceito. Considero plenamente cabível, por um lapso, chamar alguém de sr., ao passo que a pessoa se identifica como sra.


Vejam, ambas não se conhecem, mas precisam iniciar uma conversa. Para falar a verdade, é muito chato ficar pisando em ovos toda vez que pretende conversar com alguém.


Obviamente, depois de entender o próximo, perceberá como ele gosta de ser tratado e não há mal nenhum em respeitar. Mas, até lá, é mister possuir maturidade, e evitar propagar ódio porque já não basta o choque que ocorre quando uma cultura embrionária tenta abrir espaço, misturar-se, com aquela já estabelecida.


Uma cultura não se modifica da noite para o dia! Agora, admitir que exista algum tipo de distúrbio ao não escolher o instituído como normal, implica em contradizer todas as épocas passadas e, consequentemente, tudo que está no presente. Vale ressaltar que o normal modificou-se, e muito, ao passar das eras (ainda bem!).


Para encerrar, chamo atenção para um último e rápido ponto. Nossa sociedade narcisista busca chamar atenção de diversas formas no intuito de arrancar likes e inflar esse falso senso de amizade e intimidade virtual. Por isso, acredito que muitas dessas escolhas no âmbito sexual, refletem mais o desejo de ser notado, do que a própria natureza do ser.


Entretanto, como não leio pensamentos, não enxergo seus abismos, também não me cabe julgar se ela está sendo verdadeira consigo ou não. Basta-me ser verdadeiro comigo.


Até!

 
 
 

Comentários


bottom of page