A pesca e o pescador.
- Victor Câmara
- 20 de set. de 2017
- 3 min de leitura

Normalmente, é no silêncio da mente que acontecem grandes revelações que, muitas das vezes, serão esquecidas. (Eis o motivo de andar com um caderno de anotações).
No entanto, essa não deixei passar e me ocorreu enquanto estava no trem refletindo sobre o que tinha lido na noite passada. Um enxame de críticas sobre o filme lançado pela Netflix “Death Note” dizendo que era uma completa bosta; que não respeitou o anime, muito menos o manga.
Enfim, uma luz de alerta acendeu no meu consciente, pois, uma coisa que aprendi é: mister ter o dobro de cautela quando alguma maioria se manifesta.
No auge dessa reflexão veio um exemplo, digamos, peculiar porque eu poderia ter pensado em qualquer outro, até mais incisivo do que o remake do filme “Power Rangers”.
Realmente, sem nenhuma vergonha, gostei bastante do filme, pois trouxe um toque de “realidade” e maturidade (visto que não sou mais aquela criança vidrada em explosões malucas e poses lacradoras). Entretanto, não estou aqui para fazer uma resenha do filme, mas a crítica classificou-o como mediano para baixo, o que, para mim, está longe de ser realidade.
Permita-me salientar que toda essa reflexão estava ocorrendo freneticamente enquanto andava de trem e, por um momento, voltei minha atenção para a tela de um celular que, para minha surpresa, estava passando exatamente o filme.
No primeiro instante custei a acreditar nos meu próprios olhos achando que, de alguma forma, projetei a imagem do filme na tela. Porém, com o tempo ocorreu-me um novo estalo reflexivo porque notei como nossa consciência é ínfima, comparada com aquilo que nosso cérebro em sua totalidade percebe e trabalha, o inconsciente. Talvez, esse inconsciente seja tão somente aquilo que nossa atenção (consciente), perdoe-me a falta de palavras, não está atenta.
Nesse sentido, certa vez escutei de um mestre iogue que nossa consciência é um globo de luz e nosso inconsciente são buracos estendidos ao longo do espaço que, conforme o globo de luz se aproxima, torna-se iluminado (consciente daquilo).
Minha proposta é parecida com essa, mas diferenciasse porque considero o inconsciente um pescador que joga cevos para pescar o peixe (nossa consciência). Somos atraídos por essas iscas e achamos que estamos nas rédeas ou no controle.
Mas, não precisei ficar triste ou enraivecido com isso porque o inconsciente é tão parte de mim como meu consciente. Se complementam de uma forma, salvo exceções, imperceptíveis; uma comunicação wireless instantânea.
Vale ressaltar que nosso peixe está inserido em uma vasta reserva de pesca com diversos tipos de pescadores, de varas modernas, com o aval governamental, aberto ao público e em alta temporada! Vixi...
Pois então, onde entraria esse novo fervo chamado “mildfullnes” (nome apenas para parecer chique e moderno) que nada mais é do que meditar? Bem, meditar é preciso para conseguir identificar dentre as mais variadas iscas, quais pertencem à pescadores esportivos e não predatórios; aumentar sua percepção para abocanhar uma isca viva que lhe encha a pança (mesmo que vá ser pescado depois), ao invés de gastar energias com aquilo falso, inativo e ardiloso.
Penso que o ideal para um peixe seria abocanhar o alimento, sem ser pescado. Mas, se isso ocorresse, como poderia presenciar esse ato grandioso de sair das profundezas do rio ou mar para um outro ambiente (o ar)? Como descobriria que existe algo “além” de sua realidade?
Por fim, abraçar o pescador é uma forma de não ficar maluco! Pois, como um peixe poderia entender completamente as intenções de seus “algozes”?
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