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A era do bosteiro.

  • Victor Câmara
  • 29 de ago. de 2017
  • 3 min de leitura

Papel da mídia atualmente é de destaque e poderosa porque consegue emitir os vistos do que é bom e não é bom, aceitável e repugnante. De fato, aqui está o motivo de discursos políticos convergirem para controla-la porque quem a detém, controla opinião.


Não vale o que aconteceu, tão somente o que escreveram ou nos levam à acreditar.


E isso me leva a crer que tudo que é mainstream não presta por uma questão de manipulação; nos bombardeiam com informações, obrigando inconscientemente em aceitar tudo mastigado, sem ao menos pensar um pouco. Eis o motivo de nossos “heróis” nacionais não serem tão heróis assim: Pele ao invés de Garrincha; Ayrton Senna ao passo de Emerson Fitipaldi; Rei Roberto Carlos, ao invés do Fucking Tim Maia.


Por favor, não confundam com um mera discussão de gostos. Quero que entendam que existe toda uma sabotagem contra aqueles que não se submetem ao pré estipulado.


Aqui me crédito de alguns autores como Emma Goldman, Zygmunt Bauman e Nietzsche:


“(...) em nossa era narcisista, obcecada com consumo, intensidade, busca de atenção, auto exposição e sensacionalismo, é difícil que um indivíduo intelectual deixe de cair no esquecimento se não se tornar vítima ou celebridade. (...)Os intelectuais que conseguem passar por essa agência de emissão de vistos controlada pela mídia são os que se conformam às normas estabelecidas nos estatutos da mídia e adotadas em suas práticas – normas pelas quais as solicitações de visto são aceitas ou rejeitadas, dependendo do impacto sobre as avaliações (números de vendas, retornos de bilheteria, números de “curtidas” ou “visitas” registrados pelos sites).” – Cegueira Moral, Zygmunt Bauman.


“(...)O educador individual permeado pela honestidade de seu propósito, o artista ou escritor de ideias originais, o explorador ou cientista independente, os pioneiros das mudanças sociais descomprometidas, são diariamente colocados na parede por aqueles cujo aprendizado e habilidades criativas foram definhando com o passar dos anos.” - Minoria vs Maioria, Emma Goldman.


“Todos vós, ó sábios célebres, tendes servido o povo e a superstição do povo, e não é verdade! E é precisamente por isso que vos têm honrado. (...) O povo, porém, a quem detesta, tanto como cães ao lobo, o espírito livre, inimigo dos preconceitos, aquele que a ninguém presta culto e que habita nos bosques. (...) ‘Porque a verdade está onde está o povo! Desgraçado, três vezes desgraçado aquele que investiga!’” – Assim falava Zaratustra, Nietzsche.


Apenas um breve parênteses. Não nos enganemos ao achar que tudo que está fora do mainstream, é bom. Cuidado com isso também.


Continuando, nossa cultura foi dominada por pessoas que jogam bosta na água para turvarem-se e parecerem profundas, uma brava estratégia que está desmoronando (vide casos do Nando Moura e canal Mamãe Falei).


Hoje, quem não se presta ao papel de vítima, se quer tem direito de assistir ao circo de horrores. Nesse sentido, Daniel J. Boorstin define celebridades por serem pessoas muito conhecidas, e cujos nomes com frequência valem mais que os serviços que prestam (Tico Santa Cruz, ‎Fernando Holiday e companhia). Nada mais assertivo do que isso, não é mesmo?


E mais, esse desejo ardente para entrar no circo, é justo pois não é da natureza humana aceitar rejeição (nenhum homem deve permanecer como ilha). Porém “aderimos e somos aquilo que não desejamos, para agradar aqueles que não se importam, para tentar ‘ser’ alguém.”.


Tudo deve e precisa ser entretenimento e popular, um dos motivos de nossos noticiários utilizaram de métodos circenses para abocanhar audiência. Tornam-se celebridades também (Balanço geral; Evaristo etc. etc.), pois somente celebridade tem crédito para falar.


Por fim, vivemos em meio uma cultura de bosteio onde ninguém mais questiona a qualidade da arte, mas tão somente perguntam-se: venderá? Gostamos de coisas mastigadas, pesadas e medidas para somente engolir...


Até que ponto segurar a barra e não baixar a cabeça é pessoal e, para estes, deixo uma célebre frase de Isaiah Berlin: “Mais vale a ruína, à submissão e mediocridade.”


Essa é nossa era do bosteiro, onde a mídia obriga a todos aderirem ao seus conceitos e patrocínios. Contudo, sempre existe esperança e deixo uma síntese: Para aquele que deseja manter-se limpo, necessariamente deve aprender a lavar-se em rios sujos - trabalhar e manter seu hobby e a comer em todos os vasos – arranjar alguns mecenas.


 
 
 

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