Simplesmente...
- Victor Câmara
- 15 de ago. de 2017
- 1 min de leitura

existem gênios na minha porta. Pulam no teto, gritam pela janela, voam e efetuam rasantes, derrubando todos meus enfeites.
Se eu pudesse me transportar para o lado de fora, com certeza enxergaria uma vasta multidão acumulada entorno de um casebre, localizado embaixo de camadas de lodo e mata selvagem.
Existem gênios na minha porta. Chamam minha atenção ao cantar ou bater na porta. Gostam de se mostrar, e os observo da minha falha janela.
De fato, uma multidão de gênios brigam entre si para conseguir entonar a mais bela canção sem a interferência do outro. Tentam desesperadamente guiar-me em suas direções.
Todos, sem exceção, me convidam a sair; pisar na relva que cresce aos arredores do meu pequeno casebre; sentir toda potência do VENTO NORTE bater no peito. Mas, guardam um segredo: Não gostam de ser convidados. Querem e precisam ser conquistados.
São muito nobres para simplesmente me arrancar da janela ou tombar a porta carregando-me nos braços. Gostam de serem desafiados!
Esses gênios na minha porta! Provocam até o ponto de sair de casa para espanta-los. Porém, são como águias e tubarões! E a única maneira de confronta-los é aprendendo voar e mergulhar.
Agora consigo discernir melhor seus cantos e encantos. Desejam revelar seus ninhos secretos nas montas longínquas ou mostrar todas as riquezas escondidas nas profundezas do baú de David Jones.
Existem gênios na minha porta! Irritantes com suas propositais meias verdades; seus turbilhões contraditórios de informações, fazendo com que me levante para descobrir o que há, e grite bem alto: TUDO BEM! JÁ LEVANTEI!
Existem gênios na minha porta! Provocadores! Mas, o que seriam sem o observador? Ou dele, sem ter a quem observar?
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