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Uma metáfora da lâmpada e a escuridão.

  • Victor Câmara
  • 22 de jun. de 2017
  • 3 min de leitura


Há muito tenho me questionado sobre a dor, é uma mera virtualidade criada pela própria mente ou existe fora dela (entendendo como um conjunto dos “eus” imateriais com o cérebro substancia)? Dor física seria diferente da emocional, no sentido de que uma é verdadeira e a outra uma invenção? Fora isso, qual seria sua função essencial? Para que eu não irrompa em várias páginas, me atentarei apenas ao último questionamento.


Pois bem, devido à minhas muitas idas e vindas de São Paulo acabo, consequentemente, pensando muito sobre diversos assuntos. E um deles ocorreu ao observar os postes de luz nas ruas acenderem conforme anoitece, e que leva o nome deste texto: Existiria lâmpada sem que houvesse escuridão? Melhor. Conseguiríamos saber de sua função caso não existisse esse manto escuro?


Odeio evocar situações longínquas para tentar mostrar um ponto de vista, contudo, essa acredito ser necessária. A história da “iluminação”, por assim dizer, se confunde com a própria subsistência de nossos ancestrais, quando utilizavam fogueiras para aquecer-se. Com o tempo, buscaram formas transformar o aquecimento em iluminação, visto que lugares ermos sempre causaram arrepios no ser humano.


Observam nossa rotina totalmente voltada para hábitos diurnos. Não suportamos a ideia da noite, pois, com ela, vem os medos. Mas, não seriam esses mesmos temores que impulsionam descobertas? O fato de algo nos incomodar profundamente, não implica em tornar-se um gatilho para mudança?


Toda e qualquer lâmpada possui um sensor que acusa toda vez que ocorre uma diminuição de fótons (luz). Ao que parece, estamos perdendo esse sensor (consciência) de ligar nossas próprias luzes porque nos acostumamos em sempre receber. Pior do que isso, acreditamos (ou somos levados à) que merecemos receber, sem criar! Crianças mimadas que não cresceram, apenas aprimoraram o choro.


Deixemos de lado a ideia de conformismo que permeia nossas mentes ao afirmar “as coisas são assim mesmo”. Não! Nós escolhemos aceitar a escuridão ou se empoleirar sob a luz de outros. Nós que aceitamos a situação, e não alguma espécie de concepção sobrenatural (destino).

Aqui vale uma pequena ressalva (sem me aprofundar muito). Minha concepção de destino se assemelha como um resultado daquilo que faço, ao contrário da ideia de seres místicos pré determinando algum fato.


Acreditei por muito tempo no termo “assim se sucedeu”, ao passo que deveria abraçar o “assim eu o quis”. O que quero dizer? Bem, aceito de bom grado tudo que fiz para ser quem eu sou, abraço de bom grado todas as dificuldades por que passei, pois, sem elas, nunca poderia ter despertado minha lâmpada. Por mais que considere ter ficado preso em boa parte na escuridão de outros, considero que também tenha sido um bom obstáculo-aliado para que achasse minha própria luz.

Quanto mais escura (dolorosa) a noite, mais forte será a potência da lâmpada. Sendo melhorada dependendo das circunstâncias (Lembre-se: fogueira – tocha – lamparina – lâmpada incandescente – frias – LED’s).


Agora, sofrer pelo fato que já ocasionou a dor, pelo passado, remoê-lo no futuro, pior, culpar-se por ter tomado uma atitude para afastar a dor, sofrer resumidamente. Esse sim, é um grande erro.


Por fim, a energia para acender nossas lâmpadas é a determinação de buscar quem nós somos. Melhor dizendo (e parafraseando Nietzsche) “tornar-se quem Tu és”. Dor é, sim, essencial porque sem ela não conseguiríamos perceber que alguma coisa está errada; estaríamos estagnados e esse sempre será meu grande temor, incapacidade de crescer e se modificar.

 
 
 

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