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O Temeroso ImpeachDilmãe.

  • Victor Câmara
  • 29 de mai. de 2017
  • 5 min de leitura


Pois bem, novamente escutei discursos de “foi golpe” ou li textos sobre isso, visto o recente vazamento de áudios que incriminam Temer, Aécio e afins. Mas, será que um ato ruim deslegitima outro? Quero dizer, o fato de Temer estar envolvidos deslegitima o processo de impeachment de Dilma? Engrossa o caldo para gritar mais alto “Foi Golpe”? Acho que não.


Engraçado como gostamos de enxerga somente aquilo que convém. Não digo que está errado, mas isso significa que tua opinião serve para você. Somente isso. Principalmente ao tratar-se de política.


Política é um jogo de interesses individuais que se esconde sobre o nome de Democracia, e nunca a máxima “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”. Isto é, o político alcança o poder através do voto, obvio, mas toda a campanha é custeada por uma seleta parte que visa receber favores do “rei” (lembrando que esse favor pode ser de simplesmente deixar as coisas como estão – conservar), caso contrário, educação e saúde seriam melhores.


Isso está bem claro na minha mente, bem como que “nossos” representantes são meros fantoches daqueles que lhe alimentam. Sendo que existe uma gama de interessados que estão sendo expostos nas operações Brasil afora, mais especificamente a Lava Jato.


E aqui está um dos pontos cruciais de toda minha argumentação, pois se operação está sendo um instrumento dos próprios políticos para remodelar o poder entre eles; para que uma parcela lucre com a miséria e caos; ou se realmente possui um intenção nobre, não me resta escrever agora. O fato é, esse instrumento tocou em um ninho de vespeiro, trouxe luz para as sombras e aqueles que se sentiram incomodados atacaram de volta.


Bom, preciso fazer algumas ressalvas antes de continuar. Primeira, alguém só possui governabilidade, caso possua aliados. E aqui talvez concorde em utilizar a palavra golpe porque o aliado do PT (PMDB) abandou-o em um momento crucial, pois vislumbrou uma oportunidade de tomar o poder. Mas, estamos falando da política brasileira onde partidos fortificam seus interesses através de alianças tênues, sendo que todo mundo sabe (ou deveria) que o PMDB (exemplo supremo disso) busca aquele que melhor adoça sua boca. Então, qual a surpresa?


Segunda, é notório que antigos chefes do executivo realizaram o tal crime pela qual foi acusada, pois até mesmo o Governador de SP realiza isso corriqueiramente; o Governo Estadual de MG roubou bilhões dos fundos judiciais; até mesmo Temerzinho está envolvido com a esquema de corrupção do CARF. Porém, nada disse poderia ser relevado para Dilma, pois não possuía mais nenhum braço forte lá dentro. Lembram daquele deputado (Waldir Maranhão) que assumiu a presidência da Câmara quando Cunha saiu, e resolveu anular o pedido de impeachment? Então, imaginem se ele estivesse presidindo no momento em que protocolassem a ação contra a Dilma. Provavelmente ela ainda estaria no cargo.


Terceira e última ressalva. Como funciona o jogo político? Resumindo, consiste no choque de vontades expansivas, que forjam alianças tênues entre si para perpetuar-se no poder. Isto é, o político está ali porque conseguiu passar a confiança, através de promessas genéricas, para ser eleito e, ao tomar posse, fará de tudo para continuar com sua ascensão ou sedimentar seus privilégios. Escutem, por exemplo, o depoimento do Lula ao descrever que realizava diversos churrascos com a oposição, bem como sua base aliada. Nele, podemos constatar claramente que a política é realizada através de concessões e relacionamentos.


Pois bem, Legislativo atacando o Executivo para não cair sozinho e, nesse caso, o alvo foi a testa de ferro do Governo Federal naquele momento, Dilmãe.


Não existiu “golpe” na derrota, no sentido legal do termo, da ex-presidente porque muitos se esquecem de que esse processo de impeachment é totalmente político. Tanto que quando Collor foi acusado de crime, sendo o motivo de sua renúncia, anos mais tarde foi julgado inocente pelo STF.


Oras, ocorreu crime ou acharam qualquer fiapo de palha para retira-lo do poder, justamente por não ter repartido esse poder com as demais hienas? Fico com a última hipótese. Assistam a última parte do filme “Rei Leão”, onde o Scar é atacado pelas hienas, para terem uma breve ilustração, melhor, a última cena do filme “Tropa de Elite 2”.


O que quero dizer é que no processo de impeachment existiu teses plausíveis, tanto em favor como desfavor. Por exemplo, a curva dos atrasos de repasse de dinheiro público para pagamento dos bancos, não aprovados pelo Congresso, poderia ser menor ou maior a depender da extensão que fizer no eixo x do gráfico. Isto é: quanto maior o eixo x, menor a curvatura e vice-versa. O que me leva a crer que, assim como direito, tudo é uma questão de convencimento e pontos de vistas.


Porém, existe um elemento muito mais essencial do que teses ou interpretações, qual seja, apoio político. Este é o diferencial para que um “líder” se mantenha no poder, o que não existia para Dilma, e também está acontecendo com Temer (sua própria base política, a qual está filiado, planeja substitui-lo).


Ponto. Posso achar que Dilma não tinha culpa ou que Temer é um fascista, golpista e Aécio um cheirador. Não importa, se o seu candidato não possuir aliados lá dentro, será uma ameba por completo. Ao passo que se possuir uma base forte, poderá até instituir uma nova CPMF ou uma reforma trabalhista, e não importa o clamor popular das panelas.


Por fim, e agora uma crítica direta para a gestão da Dilma. Muito se falou de que ela não tinha culpa pelos atos de corrupção, que nada sabia do ocorrido. Se ela sabia dos acontecimentos , foi conivente ou beneficiaria; caso não sabia de nada, também falhou, porque não conseguiu manter o controle.


Mas, me deixe pontuar mais uma coisinha: O fardo de um líder está em justamente ser o responsável pelos atos daqueles que estão sobre sua jurisdição!


Existe solidariedade, tanto na alegria como na tristeza. Um líder, ao escolher certas pessoas para comandar determinados setores, implica em confiança. Você convidaria um lobo para cuidar de ovelhas? “Ah! Mas o lobo está vestido de ovelha!” Porra, e a culpa é de quem, por ter se precipitado e não ter tolhido melhor sua decisão? De ter verificado melhor a competência de gestão de seu confiado?


No entanto, também já conheço as respostas. Novamente, a indicação para Ministros é um jogo político. Não indicarão a pessoa melhor qualificada, ao contrário, será aquela que melhor vier atender as demandas do Congresso Nacional e, consequentemente, quem estiver por trás deles. Por exemplo, o “Povo“ coff coff Odebrecht coff coff e afins coff coff. O verdadeiro golpe está aqui, escolher os lobos que indicarão outros tantos para nos reger, por uma inocência tola, e continuar com nosso brados de "Primeiramente, fora Temer! Justiça! Igualdade!" .


Por fim, duvido que Temer irá renunciar, visto que sua adversaria foi até o final. Porém, não interessa muito porque, mesmo que renuncie, um novo lobo assumirá. E piorado, visto que nossos "representantes" politicos são mestres em se disfarçar e adaptar-se.


E para aqueles recém chegados que não estão entendendo nada ou não concordam com esse jogo politico: Bem-vindos à “Democracia” Brasileira!

 
 
 

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