top of page

Um novo fardo, uma nova corrente, um novo absoluto.

  • Victor Câmara
  • 19 de mai. de 2017
  • 4 min de leitura



Corro desolado por ter despertado minha guerra interior. Ok! Aniquilei com o mundo metafisico de Platão e, consequentemente, do cristianismo. Rompi as barreiras que surgiam diante da minha vista, apenas para cair de costas novamente. Agora, mais do que antes, iniciou-se uma corrida para se assentar no trono de Deus. Será possível que eu tenha me intrometido em lugares indevidos do meu subconsciente? Talvez estejamos tão contaminados com essa ideia de “mundo melhor” que seria melhor nunca ter despertado minha consciência. Ignorância parece ser uma benção!


A nova filosofia matou Deus, para depois o ressuscita-lo em conceitos mais modernos, para suplantar a dor do abandono ou magoas reprimida por terem deixado de percorrer caminhos considerados heresias. Agora, esse “novo ser humano” despenca na busca para saciar sua sede de cura através da razão, sendo essa sua nova paixão ou seu Graal.


Todos a magoa com deus, e até mesmo consigo (pois percebemos como fomos tolos em acreditar nessa ideia) desagua na procura em saciar o vácuo deixado pela ausência. Na verdade, na percepção de que tudo que implantavam em nossas mentes, nada mais era do que artifícios de controle porque deixamos de tomar certas atitudes, pois vivíamos acorrentados nessa servidão sutil. E mais, percebi que minha bussola moral, da noite para o dia, passou a ser um mero objeto de controle.


Senti isso profundamente, pelo menos naquela época.Contudo, a pior conclusão foi de que eu aceitei essas ideias porque sempre fui sedento em preencher o vácuo dentro de mim, mas buscava nas fontes erradas.


Já dizia Nietzsche “Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! Como nos consolar, a nós, assassinos entre os assassinos?”.


Não estamos preparados para enfrentar esse assassinato porque acostumamos a ter sempre algum porta-voz dizendo o que fazer e como fazer. A ética e moral estão baseadas exatamente nisso: seguir cegamente valores absolutos. Não pense! Apenas aguarde e deixe que “deus” revele a nos (sacerdotes – filósofos) a melhor medida. É assim com a metafisica filosófica; o sacerdotismo negador da vida; Intelectuais com seus princípios absolutos e, agora, cientistas que agem sem nem ao menos percebem os quão contaminados estão com esse desejo de absolutismos.


Veja, a ciência acabou por compartilhar de antigos preceitos para dar um novo formato. Gastam anos para refutar e afastar qualquer incidência religiosa que é valido, mas acabaram por assimilar todos os antigos preceitos de absolutismo, dogmas e axiomas. A ciência se aprisiona no passado, pensando no futuro e esquecendo-se do presente, assim como a religião o faz. Por que acham que todo religioso é considerado conservador? Precisamos ter controle sobre tudo, a maioria não suporta a ideia de mudança, e para isso urge um sentimento de previsão, sendo imprescindível manter o status quo.


Hoje entendo o porquê Stephen Hawking disse que os filósofos deveriam se aposentar, visto que a “religião” moderna retomara antigos questionamentos supérfluos, porém, sobre o embalo da razão, agora concretizará “verdades” para sempre.


Como fui inocente para acreditar que Ciência e Religião estão tão distantes? Quando na verdade são amantes secretas que partilham do mesmo fogo. Na verdade, tenho ódio de mim por deixar-se levar novamente pela fraqueza moral e ética, por ser um carneiro em busca do pastor. Digo isso, pois a máxima empirista “saber para prever, prever para prover” é falha, assim como toda a teoria cientifica, porque o “saber” implica em observar algo. Sendo que toda essa observação é dotada de sentimentos, subjetividades que são postas por outros como verdades. Oh! doce ilusão de cristalizar aquilo que é mutável.


A dúvida junto com a busca somente do conhecimento devem ser o norte primordial do fazer ciência, sempre questionar aquilo apresentado; estar cético sobre novas conclusões, não por acreditar que o antigo é melhor, muito pelo contrario, ser cético para ter tempo de levar essas novas conclusões a ultima consequência. O problema que vislumbrei na ciência é justamente esse: falta desprezo pela “verdade” ou concretiza-lá. É mais cômodo deixar para o próximo pensar sobre a veracidade; sentir inveja do outro que conseguiu enxergar de outra perspectiva ou, pior, afirmar a seguinte lei em seu intimo “não quero ver nada que esteja em contradição com a opinião corrente sobre as coisas. Serei eu feito para descobrir novas verdades? Já há demais antigas.” (Nietzsche. Gaia Ciência.).


A ciência tem se tornado tão teimosa pela magoa carregada que não mais se admitem questionamentos. Precisa saciar essa maldita sede de desejo por certeza que se assemelha aos sacerdotes empanturrados em suas tocas sagradas. Pior que isso, aliada a razão, cientistas empregam a lógica (arte de forçar a aceitação através dos argumentos elencados metodologicamente) para justificar suas verdades.


O que minha critica veio a ser naquela época, foi de que como podemos afirmar algo como verdade sendo que tudo a nossa volta depende dos nossos sentidos sensórias (visão, audição, tato, paladar e olfato), das nossas experiências empíricas com o mundo ( situações que presenciamos quando crianças refletidas atualmente, por exemplo). Não entendia como alguém poderia estudar um objeto com preconceitos definidos e concretiza-lo como verdade. A realidade é oque é! Não existem cortinas por detrás, nada se esconde. Não existem verdades absolutas, apenas a realidade! Uma árvore é uma árvore, independente de você à chamar assim ou não.


Por fim, agora a verdade, como absoluta, empregada pelo pastor ou padre, é o objeto de desejo do cientista e filosofo. Por mais que a busca pelo conhecimento seja plenamente valida, cientistas abandonaram essa primícia fundamental ao estabelecerem a Nova Ditadura da Verdade que nada mais é que um valor metafisico moderno. Duvida? A medicina por décadas isolou a acupuntura milenar, taxando-a como inócua (talvez ainda a considere); astrônomos ridicularizam a astrologia que, além de ter sido a sua base, possui indícios de que funciona (não da maneira popular, mas existem certos estudos científicos que demonstram a influencia de certos astros sobre nossas vidas e escolhas); que a biologia trata o ser humano somente como um conjunto de impulsos elétricos e hormônios, mas não consegue explicar o porquê da mente transformar um corpo saudável em doente, mesmo com todos os hormônios em níveis estáveis ou que exista o famoso efeito placebo.


 
 
 

Comentarios


bottom of page