top of page

COMUNIDADE CARENTE, uma FÁBRICA DE BANDIDOS (?)

  • Victor Câmara
  • 17 de mar. de 2017
  • 3 min de leitura

Favela da Rocinha, RJ

Sim, este é um título forte que representa o que muitos pensam. Pode ser muita presunção da minha parte, em achar que decifro o pensamento e comportamento de alguém, ainda mais de uma grande parcela de pessoas. Porém, uma coisa é certa: a fábrica começou com um simples tijolo em cima do outro e, para consertar, faz-se necessário ir muito além do “olhômetro”.


Parece espantoso ou mesmo hilário o que irei escrever, mas a sociedade imperialista não se diferencia tanto da atualidade. A educação, por exemplo, no Império estava nas mãos do particulares/domésticas, porque o método de escola pública era custoso e ineficiente, pela falta de professores qualificados. O mesmo Estado e amigos dos reis que legitimaram o lucro em cima do trabalho escravo, foram os mesmos que os “libertaram” dentro dessa mesma sociedade.


Voltando para nossa realidade, é perceptível que a mudança ocorreu apenas no formato. Obviamente que demorei um bom tempo para entender que a culpa não deveria cair totalmente naqueles que nos fizeram algum tipo de mal. A culpa também resvala na “sociedade”, por mais que tentemos usar temperos para disfarçar.

Escrevo isso porque leio discursos de ódio e apologia à violência, e para mim, é engraçado como esperamos do outro, aquilo que nunca lhe foi proporcionado...Fiz uma pergunta para mim mesmo, e deixo aqui registrada: O que esperar de alguém que só leva porrada? Amor? Compreensão? Respeito?


Por exemplo, fomentamos uma industrial vaidosa porque isso nos excita. Quero deixar bem claro que isso não existe problema em desejar um tênis maneiro, um celular ou qualquer objeto que figure no hall subjetivo dos desejos. Porém, tenha em mente de que aquelas pessoas marginalizadas também estão sob a mesma influência e possuem esses mesmos desejos sendo a única diferença, a forma como conquistam isso.


Vivemos inseridos em uma sociedade que não gosta de rejeição e busca reconhecimento. E, por isso, implica em consumir a cultura adotada naquele momento ou, como gosto de pensar, frenesi da massa. Obviamente que, para isso, será necessário meios de troca e, é aqui, que entra as alternativas (Alguns usam cartão de crédito e se endividam, outros, usam da mão leve ou bruta).


As Consequências negativas impostas NUNCA impedirão alguém de roubar, simples assim (Não importa a idade penal ou o aumento das penas). Como descrito no livro arte da guerra “guerreiros lutam melhor, quando não tem nada à perder”. Para a pessoa chegar nesse nível, ela aprendeu que o outro é um meio para atingir seu objetivo; o respeito dele não está por você ou eu, mas, naqueles que ele considera como igual, que estão próximos (Assim como você o vê como um monstro, ele revida te tornando um objeto ou caixa eletrônico).


Acredito que nada justifica atos de violência (também fico puto quando matam por celular!!), porém, como disse no início, a fábrica e seus funcionários não surgiram do nada. Foram colocados diversos tijolos; passaram por diversos cursinhos iniciais e de aperfeiçoamento (rua, prisão, etc). Não podemos eximir nossas responsabilidades porque nossas mãos estão tão sujas como a deles, muitas colunas foram preenchidas com nossas próprias mãos.


Não estou falando dessa baboseira de dívida histórica, porque não acredito nisso, muito menos de “quer defender bandido, adote um”. Estou indo além; quero saber se continuaremos com esses joguinhos infantis de empurra-empurra responsabilidades ou tomaremos alguma atitude de mudança?


Iniciaremos uma mudança contra aqueles que manipulam e injetam ódio entre nós ou continuaremos a brigar entre si? Abandonaremos essa ideia parcial e irritante de que o Direito Penal deve ser rígido e punitivo, e tomarmos os rumos da prevenção educacional? Digo isso porque estou farto de pessoas, que estão longe de serem políticas (o sentido da palavra é “Cuidar da Polis ou Cidade” composta por nós), comandarem tais atrocidades, não proporcionando condições de real crescimento.


Medidas peneiras (cotas, bolsa família, etc) que serram a perna para entregarem uma muleta, para a população marginalizada; se afastam das comunidades deixando-os a mercê de déspotas que crescem nos sulcos deixados pelo Estado (ao menos eles são mais sinceros e assumem quem são e não se utilizam de máscaras!) para depois chegarem com seus man-at-arms (policias e forças armadas), junto com aparato legal e institucional ( Leis e Prisão), sob o apelo popular que legitimam a violência e segregam ainda mais nossa “sociedade livre”.


Por fim, entendo que as comunidade é uma espécie de anexo que ganhou força e auxilio de todos nós e causa rachaduras em toda a estrutura social (o caos que considero um indicio positivo de que essa sociedade precisa de mudança – assunto para outro momento). Agora, qualquer medida baseando-se no simples “olhômetro” e revanchismo, ao invés de reparar, continuará criando um abalo estrutural sistêmico até que tudo desmorone. (E NÃO VENHA DIZER QUE ISSO É ANARQUIA!)


Você está preparado para isso? Então mude enquanto existe possibilidade de retorno.


 
 
 

Comments


bottom of page